quinta-feira, 28 de abril de 2011

Texto de Leonardo Boff publicado originalmente no blog dele

Muitos só conhecem de Nietzsche a frase “Deus está morto”. Não se trata do Deus vivo que é imortal. Mas do Deus da metafísica, das representações religiosas e culturais, feitas apenas para acalmar as pessoas e impedir que se confrontem com os desafios da condição humana.

Esse Deus é somente uma representação e uma imagem. É bom que morra para liberar o Deus vivo. Mas não devemos confundir imagem de Deus com Deus como realidade essencial.

Nietzsche estudou teologia. Eu pude dar uma palestra na Universidade de Basel na sala em que ele dava aulas, quando fui professor visitante em 1998 lá. Essa oração que aqui se publica é desconhecida por muitos, até por estudiosos do filósofo. Por isso no final indico as fontes em alemão de onde fiz a tradução. No original, com rimas, é de grande beleza.

Oração ao Deus desconhecido

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.

Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.

Eu quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) em Lyrisches und Spruchhaftes (1858-1888). O texto em alemão pode ser encontrado em Die schönsten Gedichte von Friederich Nietzsche, Diogenes Taschenbuch, Zürich 2000, 11-12 ou em F.Nietzsche, Gedichte, Diogenes Verlag, Zurich 1994.


Zóio - percrustando a realidade inconteste!

sábado, 9 de abril de 2011

Cortesia do blog Conexões Epistemológicas

O preço pago por Einstein à psiquiatria

A medicina cria pessoas doentes,
a matemática pessoas tristes,
e a teologia, pecadores.
O resultado disso pode ser apreciado em qualquer esquina:
A estimativa é de que atualmente haja 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050 BBC-Brasil,

Michel Foucault - um pensador do nosso século!!! (Parte l)

Michel Foucaut interpretava a mudança de paradigmas quanto ao controle social baseando-se em Benthan, fugindo a prerrogativa grega de agregação espacial com ênfase à sociedade do espetáculo (olimpíadas, sacrifícios de criminosos como ações intimidatórias) em que se desenrolavam poucos protagonistas, com uma maioria "audiente" (expectadores).

Cita Jeremy Benthan, como pai do panoptismo (exercício do controle social sob a vigilância com a égide prevencionista); como o mentor da idéia que deslocara o eixo de atenção de um grupo protagonista menor para um grupo menor "audiente". sendo a minoria antes protagonistas agora "audientes" (expectadores). Exemplo: prisões vigiadas, cidades policiadas, câmeras em shopping. Nisto percebe-se a mentoria de um mecanismo de coibição de desvios de conduta pela intimidação da vigilância desanimando a ousadia para o descumprimento de regras; evoca maior eficiência, relativizando os modelos prisionais atuais, apenamentos pós-infração e ponderações punitivas a partir dos efeitos, sem poder evitá-los. Contráriamente a isto; a visão panóptica; sinaliza a coibição sob a vigilância preconizando a intenção de óbice à conduta desviante potencial não-consumada; portanto melhor sofrível na administração dos distúrbios sociais, e controle mais efetivo.

Relativizou o conceito de verdade-conhecimento, conformando-se às inferências de Nietzsche de que não há conexão entre o objeto e o saber, tal que o saber foi vertido da premedição do controle; atribuindo o caos como a "normalidade".

A aplicabilidade nas ciências jurídicas, pervadem a convicção de que a teoria do Direito Penal, com a função remediante de condutas desviantes já consumadas; se tornam numa linguagem sem matiz hermenêutica, nem coerente; ficando o legalismo jurídico ineficiente, pois ao invés de despertar o temor da conduta desviante, instiga a recíproca à altura da perniciosidade da punição...


Michael Foucault enfatiza o vanguardismo do panoptismo, quando interpela uma tônica prevencionista, obstando o controle social pelo que se faz, mas sim pelo que é e pelo que se pode fazer.

Apesar de o panoptismo ter orientado a disciplina da Teoria do Direito Penal vigente, hoje descalça suas bases de legalismo punitivo e vigilante passivo incorporado através da grafia jurídica das normas; e hoje a sociedade panóptica, verifica a primazia da verificação da potencialidade antecipando o fato. O deslocamento da perspectiva do espetáculo para a vigilância coletiva pelo individual; ensejou e ainda hoje produz efeitos que sublimam a individualidade, os detalhes de uma visão pormenorizada tendo apenas uma perspectiva observatória sobre vários pontos a serem observados. A arquitetura vigente que espelhara a vantagem espacial para um público expectador, cuja atenção se concentrara numa única pessoa, ou em um ponto visível com poucos personagens (espetáculos, eventos religiosos) desloca o centro de atenção para a universalidade cuja vigilância é operada por uma “observação-solo” .

Podemos perceber o discurso do controle...com uma atmosfera de limitação dos movimentos democráticos, imprimindo sob apenas uma ótica a uniformidade, por conseguinte a harmonia estabelecida entre as dissidencias e divergencias; pois o ajuste é feito de todos pela expectativa e orientação de um humor de controle.

Edson - zóio um panóptico das relações jurídicas e antropo-filosofo-sociológicas... e mais algumas ógicas a mais... rsrsrsr