quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lixo - um problema de saúde pública e saúde social - consumismo absurdo



Afinal o que é lixo? Uma transmutação óbvia e unilateral da matéria ou do imaterial, transmutação esta que se expressa por emoções e demais abstrações; que sucumbem à previsibilidade, pela simples razão de não poder fugir ao fato de um dia ser útil e no outro dia não ser. A cadência desta ordem de transmutacionalidade, esta rota com o vetor inexorável de sucumbência dos atributos valorativos de algo imprenscindível; é consequência da teia de nossos conceitos que versam sobre o utilitarismo pragmático, sobre o imediatismo consumista, sem vislumbrar o encadeamento do inútil com o descarte e as consequencias deste.
Como dizia Lavoisier, na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
O simples fator transformação, por si só já pode legar ao lixo, ao descartado a hipossuficiencia de ser útil? Ou seria uma interpretação equivocada do que é utilidade?
Imagine que nós seres humanos, chegamos à tamanha crise eivada do utilitarismo, que descartamos até a nós mesmos. Estabelecemos diversos parâmetros que determinam a sina de fim de vida útil: idade avançada, deficiencia física, aparencias; e até chegamos ao absurdo de desclassificar algo ou alguém por atributos que não têm implicancia na ação requerida para dignificação do útil. Um exemplo disto é excluir um ótimo profissional em uma dada função devido a cor da pele ser diferente da que sugestionávamos "atrativas e indispensáveis" à função.
Nosso comportamento no tratamento do lixo, na resistencia ao estágio deste com atribuição ao feio, reproduz em maquete a crise existencial autodestrutiva a que somos acometidos. Ignoramos o fato de que antes da borboleta ser bela e colorida, passa pela etapa de ser crisálida -crise - álida- , ademais a expectativa que se constroe em torno da face inóspita, horrorosa e asquerosa da crisálida e do lixo, desanima previsões de que estes se transformem, retomando-se à condição de algo belo e útil.
Nossos idosos não são lixo, nossos pobres não são lixo, os excluídos amontoados nas senzalas-favelas não são lixo; e não justifica o comportamento para que tenhamos a repugnancia para os deixarem longe de nossas janelas, para não sentirmos o odor de suas mazelas sociais; não confere coerência para que nos alienemos, do contrário instiga a ação para "separarmos, identificarmos, endereçarmos" nossos irmãos menos favorecidos à uma Unidade de Reciclagem séria, que os possa limpar, lavá-los, re-processá-los e os conferir de novo a dignidade perdida ou roubada ou até mesmo não reconhecida por força do nosso pré-conceito.
Cuidemos de nossos lixos orgânicos e inorgânicos; porém principalmente não façamos de lixo social àqueles que só não têm oportunidade de serem úteis em essencia, pois deles só foram requeridas ainda, formas de utilidades para satisfação egoístas de nós: utilitaristas e consumistas implacáveis.

"Seja solidário... pois a solidariedade é uma usina de força para um futuro ideal" Nosde Zênite

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